sexta-feira, 6 de março de 2015

Viver num País em estado de Esquizofrenia Colectiva


Cada dia que passa  mais me convenço que vivo num país em estado de esquizofrenia  colectiva.  Depois de quase  meia dúzia de anos a serem explorados, roubados, espoliados, humilhados e enxovalhados, os portugueses, quando tudo podia levar a supor que tivessem ganho  alguma experiência com tão amargas vicissitudes, voltam - a fazer fé nas últimas sondagens – a dizer que vão votar, nas próximas eleições legislativas, nos mesmos partidos e homens que os fizeram amargar e passar por tão difíceis condições que levaram ao empobrecimento, à miséria de muitos, à emigração massiva e forçada de jovens que tanta falta faziam ao país, ao desemprego  na casa dos 20 %, à penhora  de habitações e despejo das famílias em números nunca vistos em Portugal, ao aumento exponencial da dívida pública, ao escândalos  económicos  de BPN, BES, PT, etc, e que estamos a pagar, à transferência de fundos dos bolsos dos pobres para a conta dos ricos, à degradação do Serviço Nacional de Saúde procurando substituí-lo por uma saúde privada a que só têm acesso  os que puderem pagar um seguro de saúde ou aqueles a quem as empresas privadas o atribuírem, da escola pública em benefício da privada com a degradação ostensiva e calculada da primeira, à  delapidação  dos melhores e mais  lucrativos  activos do estado e da sua entrega ao capital privado , na maior parte estrangeiro , etc, e isto para só lembrar um pouco daquilo que todos, ou quase todos,  sabem.

Em Belém, devíamos ter um Presidente, mas temos apenas um residente, que nem sequer paga renda, e que dispõe de um orçamento sumptuoso e escandaloso  especialmente quando comparado com outros no estrangeiro, em países com diferentes capacidades económicas,  e que disse ao que vinha logo no discurso de vitória na noite das últimas eleições presidenciais.   No (des)governo , está um pequeno exército de copistas e replicadores das políticas da srª Merkel, que, como é evidente, só interessam à srª Merkel.  Na oposição trocaram o chamado líder da oposição, que diziam enfermar de frouxidão, por outro tão frouxo como o seu antecessor  mas a que junta  a desgraça de ser desastrado e ausente, isto, claro, para além de não se lhe conhecer qualquer tipo de ideia para o futuro do país que vá além de dizer mal do principal adversário. Ora, como bem sabemos, só isso, não serve para reerguer Portugal da miséria moral e material  em que caiu.

Para finalizar, sabemos agora que o ‘impoluto’ primeiro-ministro, afinal, utilizou o ‘esquecimento’ ou  ‘ignorância’  legal  como argumentos  para justificação de evasão de pagamento de impostos e contribuições.  E, para além de ele próprio achar que tem condições  para  continuar a (des)governar,  outros,  como o  residente de Belém,  não se pronunciam, não vá alguém lembrar-se, outra vez,  dos processos, pouco claros, que permitiram que ele usufruísse de mais-valias ao alcance apenas de alguns amigos de Oliveira e Costa, no BPN, ou ainda dos esquemas, também nunca esclarecidos, que facilitaram a construção da sua nova  moradia algarvia, na mesma rua onde muitos  dos seus amigos do BPN também possuem uma.

Face a tudo isto, os portugueses acham que os partidos que os (des)governam e levam à miséria há muitos anos, devem continuar com terreno livre para concluir, ou continuar a sua obra.  Isto tem um, ou vários  nomes : esquizofrenia, fuga para a frente, atraso, embrutecimento, amorfismo, baixa auto-estima, estupidez.   E disto, eu não partilho.

Se tenho alternativa ? Não sei se tenho ! Mas uma coisa faço: se estou à beira do abismo nunca dou um passo em frente, recuo, fujo dali, não deixo que me empurrem.


Jacinto Lourenço