terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Expulsão dos Judeus em Espanha - 1492




A decisão [recente] do governo [espanhol] de modificar o código civil  e conceder a nacionalidade espanhola aos descendentes dos judeus, que foram expulsos de Espanha em 1492, despertou um extraordinário interesse entre os cidadãos do estado de Israel. O facto não é estranho se pensarmos que as famílias de  judeus sefarditas conservaram a sua língua  e também as chaves das suas casas de onde foram expulsos.

Desde o tempo dos godos que os judeus foram perseguidos com maior ou menor intensidade conforme o momento e o lugar.  Foram acusados de serem portadores da peste, de crucificarem crianças na sexta-feira santa; proibiu-se-lhes a prática de determinadas profissões, foram obrigados a viver em guetos e, levando ao extremo a sua perseguição, tinham ainda que  exibir  uma marca distintiva no vestuário.   Toda esta voragem de humilhações e aberrações culminou com o decreto da sua expulsão de Espanha assinado em 31 de Março de 1492 pelos reis católicos com base num texto  do inquisidor geral  Tomás de Torquemada. Segundo este decreto, os judeus que não se convertessem deviam abandonar Sefarad (nome pelo qual era conhecida a Península Ibérica entre os judeus). Cerca de 100.000 judeus abandonaram então as suas casas e o seu país ( Espanha). Tiveram que vender os seus pertences à pressa e ao desbarato e pagar o frete dos barcos que os transportaram. Muitos exilaram-se em Navarra ( reino tido como independente ), em países dos balcãs, no norte de áfrica ou no império otomano [muitos outros refugiaram-se igualmente em Portugal onde, apesar de tudo, a monarquia era um pouco mais branda com os judeus].
Há contudo dois detalhes que são demonstrativos do seu apego por Espanha, que era também a sua terra.  Mantiveram viva entre si  a língua  sefardí, ou ladino [...], nos territórios para onde se dirigiram e onde se estabeleceram de novo. E, mais surpreedente ainda, conservaram as chaves das suas casas que tiveram que abandonar em Espanha. Mesmo hoje, muitas famílias guardam ainda as chaves dessas casas sendo as mulheres encarregadas de as passar de geração em geração.

Javier Sanz in Histórias de la História
( traduzido do Castelhano por Jacinto Lourenço )