segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal na Poesia de Bocage



Se considero o triste abatimento

Em que me faz jazer minha desgraça,

A desesperação me despedaça,

No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,

Para aplacar-me a dor que me traspassa,

Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,

Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,

Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,

A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,

Por nós, e fecho os olhos, adorando

Os castigos do Céu como favores.




Manuel Maria Barbosa du Bocage