terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Sejam Felizes


Não tenho nenhuma expectativa especial pelos dias, semanas, meses ou anos que  que ainda não vivi. Não atribuo nenhuma relevância particular à passagem de ano. Olho para a bíblia e leio o que Jesus disse: "Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal."  No entanto, procuro, como todos, ser feliz, ter saúde, paz, tranquilidade e amor na medida em que isso é um desiderato pessoal, familiar, humano, e  inclui-se no projecto de Deus para nós. A expectativa que tenho para a vida concretiza-se todos os dias, a cada momento, na confiança que deposito em Deus e Ele em mim. Essa confiança biunívoca  sintetizo-a e consolido-a na bíblia quando esta afirma que os olhos de Deus estão continuamente postos na terra que piso, desde o princípio até ao fim do ano.  Deus é zeloso de mim e do meu caminho, dos meus passos, do meu chão, no presente e no futuro. Estou tranquilo quanto ao ano que vem, traga ele o que trouxer Deus estará na minha vida como esteio inabalável. 
Por isso, meus amigos, como dizia  Raul Solnado, "façam favor de ser felizes", a cada momento, não esquecendo que a vida é muito mais do que ruído, champanhe e foguetes. 

Jacinto Lourenço

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Tempo para Lembrar




É tempo para tudo menos para esquecer. Estamos nas vésperas do centenário do início da Segunda Guerra Europeia dos Trinta Anos (1914-1945). Em 1914, a Europa sucumbiu a uma crise sistémica da "balança do poder". Os chefes de Estado e de governo não foram capazes de pensar a totalidade dos problemas e dimensões em jogo. Quer na perspectiva das causas, quer sobretudo no plano das consequências. A guerra começou porque a realidade viva foi partida em bocadinhos, e as decisões foram tomadas como se o todo não fosse, sempre, maior do que a soma das partes.[...]

Viariato Soromenho Marques

Fonte: Diário de Notícias online

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Natal na Poesia de Bocage



Se considero o triste abatimento

Em que me faz jazer minha desgraça,

A desesperação me despedaça,

No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,

Para aplacar-me a dor que me traspassa,

Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,

Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,

Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,

A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,

Por nós, e fecho os olhos, adorando

Os castigos do Céu como favores.




Manuel Maria Barbosa du Bocage

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Graça Absoluta




Deus ama-nos não por aquilo que somos ou que fizemos, mas por aquilo que Deus é. A graça flui para todos aqueles que a aceitam. Jesus perdoou uma adúltera, um ladrão na cruz, um discípulo que o negou, mesmo conhecendo-o. A graça é absoluta e abrange todas as coisas. Ela estende-se inclusive para as pessoas que pregaram Jesus na cruz: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" está entre as últimas palavras que Ele disse aqui na terra (Lucas 23:34).

Philip Yancey,  in  Alma sobrevivente,  ed. Mundo Cristão, Pg. 152

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Interpelar os Sinais do Tempo.


O livro de Actos dos Apóstolos narra, no capítulo oito, a história de um homem etíope que, regressando ao seu país, após peregrinação a Jerusalém, lia o profeta Isaías. Filipe, o apóstolo, que de perto observava, recebeu um“toque” do Espírito Santo, que lhe disse: “chega-te e junta-te a esse carro”.                                                                                                                                                                                   

Estava eu a pensar no recado que Filipe recebeu naquele momento e achei curioso o facto de que o Espírito Santo não lhe tivesse dito o que fazer, disse-lhe apenas: "chega-te a junta-te..." . Mas parece que Filipe, porém, sabia exactamente o que fazer e dizer : entendes tu o que lês ? ” . Foi a sua pergunta ao etíope. 'Leio mas não entendo. Ninguém se prontificou para se juntar a mim, para me explicar, para me mostrar qual o caminho a seguir ou mesmo, como interpretar os sinais que leio ?! ' . Este será porventura o entrelinhado da resposta do etíope a Filipe.

Na breve reflexão pessoal que fiz sobre esta pequena história lida nos  evangelhos, concluí que, como  cristão, não me chega ler, ouvir ou interpretar. Tenho que guardar aquilo que a Palavra de Deus me ensina. Não posso ser apenas observador do tempo que outros deixam correr sem interpelar a significação dos sinais que deixa. Não devo apenas celebrar a sua passagem 'assobiando para o lado'  fingindo que tudo o resto que me rodeia não me diz respeito. No meu caso, como cristão, viver este tempo implica estar preparado para aplicar, como Filipe, no momento oportuno, aquilo que recebi. Estar atento ao que o Espírito Santo me diz, sem fazer 'orelhas moucas' à voz de Deus. 'Juntar-me' aos homens e mulheres do meu tempo, do tempo corrente, ouvindo e partilhando as suas dúvidas, os seus problemas, as suas dificuldades, as suas angústias.  Ajudando, com o que estiver em mim, a superar tudo isso, superando-me a mim próprio, indo além de mim próprio. Ser actor nos acontecimentos,  mais do que espectador dos factos. 

Preciso 'chegar-me' aos que lendo não entendem e aos que ouvindo não percebem, ou não querem perceber. E não preciso que o Espírito Santo me esteja sempre a dizer, a cada momento, o que devo fazer ou dizer; desde que Ele habite em mim, serei sensível aos seus desejos e aos seus propósitos. Basta-me um 'toque' seu para que eu saiba o que devo fazer. Ou, como diz Pedro, na sua primeira epístola: ”… estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” ( l Pedro 3:15).

Jacinto Lourenço

Jacinto Lourenço

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Significado de 'Sucesso' no diccionário de "Coelhês"- Português...


Há  já uns dias que tenho andado para aqui às voltas com o significado da palavra 'sucesso'. É que, com o pessimismo que nos chega por intermédio da  líder do FMI, dos senhores da OCDE, do Parlamento Europeu e de mais umas quantas vozes avisadas e suficientemente credíveis, por esse mundo fora, quanto ao 'sucesso' do programa de ajustamento desenhado para Portugal e executado, com excesso de zelo, pelo (des)governo de Passos Coelho, fiquei confuso quanto às minhas certezas etimológicas sobre o tão cantado 'sucesso'  com que o nosso - salvo seja - (des)governo tem vindo, todos os dias, nos últimos tempos, a brindar-nos.

Eu, que não sou de me ficar quando tenho uma dúvida, tinha agora duas dúvidas e qualquer delas estava não só a criar-me confusão na cabeça como a  atormentar-me a vida. Vai daí abri dois ou três diccionários da língua portuguesa e, por via das dúvidas e à cautela, consultei a palavra 'sucesso'. Confesso que fiquei mais descansado, pelo menos linguisticamente falando. Sucesso, afinal, quer mesmo dizer aquilo que eu tinha a certeza querer dizer, em bom português, bem entendido: "êxito" / "bom resultado". Posto isto, achei por bem escrever uma carta registada ao primeiro-ministro do (des)governo que lidera  Portugal e recomendar-lhe que fosse aprender português já que a língua em que ele nos transmite os resultados da sua (des)governação não tem nada a ver com a língua portuguesa, mesmo que esta seja encarada na perspectiva do novo (des)acordo ortográfico. Como também não consigo descortinar que língua é que ele está a falar quando vem falar do 'sucesso' da sua  (des)governação, não sei que diccionário posso consultar para entender o significado que ele atribui às palavras na língua em que se nos dirige.

Não sou economista, e por isso tive que valer-me do trabalho que alguns deles têm publicado online e disponibilizado em alguns sites, nomeadamente nos dos jornais económicos e na Pordada, para ver se, com os números divulgados entre 2011 e 2012/13, conseguia descodificar o significado que o primeiro-ministro que nos (des)governa atribui à palavra que tanto lhe enche o peito ultimamente: 'sucesso'. Ora aí vai o significado da palavra 'sucesso' para Passos Coelho, visto e revisto desde 2011 - ano em que o seu (des)governo tomou posse:   o desemprego passou de 12,7% em 2011 para 16,5 % em 2012. O défice, que foi calculado em 2011 em 4,8%  passou em 2012 para 6,5 %. A dívida pública  aumentou de 106 % em 2011 para 130 % em 2013.  Quanto à emigração  foi desde 2011, e  até ao presente, incrementada em mais de 150.000 portugueses. A falência de empresas em Portugal registou um aumento exponencial entre 2011 e 2013  de mais  62% . O PIB per capita reduziu de € 16.208 em 2011  para € 15.702 . Todos estes valores são aferidos, maioritariamente, entre 2011 e 2012 uma vez que  não encontrei ainda números finais para 2013, o que se explica pelo facto de o ano económico não ter ainda  encerrado.

É bom que não esqueçamos igualmente o 'sucesso' que o ministro Crato está a alcançar com a educação destruindo a escola pública e sustentando os empórios das escolas privadas. Os patrões destas agradecem.  Para além de tudo isto,  temos  ainda que  somar  ao sucesso (des)governativo de Passos Coelho o alcançado com a destruição do estado social, para só ficar por aqui.

Sim, agora percebo a língua falada pelo primeiro-ministro do (des)governo de meliantes que tomou Portugal de assalto. Não, nem sequer é o 'economês', é antes uma língua que só ele e os seus apaniguados entendem, a que poderíamos talvez chamar 'coelhês', e na qual o significado da palavra 'sucesso' é igual  a 'destruição total e irreversível ', com muitos sinónimos do mesmo valor linguístico.  Se ainda há gente que não entendeu, ou não quer entender a verdadeira dimensão do 'sucesso' a que o país e os portugueses foram conduzidos, então arranjem  um diccionário de português-'coelhês'-português. Há, e já agora digam a Passos Coelho que mude as pilhas da calculadora pois os resultados obtidos não estão a dar certos  na vida de milhões de portugueses...

Jacinto Lourenço


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

São como Mosquitos....


Acho que certo tipo de gente, como a que ocupa hoje o aparelho de estado em Portugal, são assim como que uma sub-espécie da nematocera , a grande ordem dos mosquitos. Como os mosquitos,  ão gente minúscula, sem dimensão e sem outras causas que não sejam as de picar e sugar-nos o sangue pelo qual dão em troca um qualquer verme ou bactéria microscópicos de que só percebemos a existência quando já estamos infectados. Sim são gente infecta que se habituou aos repelentes e até aprendeu a contorná-los, a fintá-los. Enquanto não  conseguirmos, ou não quisermos proteger-nos contra os seus ataques, vão continuar a sua saga infecciosa. Na verdade, quando damos conta de que nos atingiram já não há muito a fazer. É esperar que passe ou então promover uma desinfestação geral que os elimine de uma vez por todas dos locais onde as condições lhes são propícios; e todos os locais onde há vida e gente lhes são propícios...                                                                                
Como os mosquitos, esta gente sem dimensão conta com a nossa passividade para fazer estragos; habituou-se a isso e  irá  voltar sempre, e irá continuar a fazer estragos sempre que os deixarmos fazê-los: eles, os seus filhos, os seus netos, bisnetos, padrinhos, afilhados, amigos, clientes, etc.  Se  os ventos não lhes forem contrários, irão voltar como uma praga,  para picar muita gente e deixar o seu veneno a produzir chaga. Reproduzem-se aos milhares. Sendo gente sem dimensão, são especialistas a ocupar o espaço de actuação, formando nuvens de interesses e alvos que lhes são vitais à sobrevivência e propagação.  São assim os 'mosquitos' que nos (des)governam em Portugal. 

Desinfestação geral, sim, é o que precisamos, porque eles já se habituaram aos repelentes que usamos individualmente.

Jacinto Lourenço

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Memórias Intemporais...


Vejo o tempo passar e deixar um rasto no ar. Umas vezes parece um  castelo de nuvens que rapidamente se desmorona  outras  uma  linha que se desfaz deixando  no ar  serpentes imaginárias. O nosso tempo passa depressa, é fugaz e veloz. Nem sempre o desejamos lento, é verdade, mas a maior parte das vezes ele corre como se fora um cavalo tonto na pradaria.  O tempo traz e leva, é essa a sua função. Nunca devolve. Não foi projectado para isso, nem é sua vocação.
Hoje partiu Nadir Afonso, como antes já tinham partido tantos outros, homens e mulheres que foram e são, referências culturais ou civilizacionais do nosso tempo, e do tempo futuro. No fim das coisas, da nossa vida, o mais importante que fazemos com o tempo em que a vivemos, é o que deixamos feito. A memória, sim, a memória é o que fica gravado na vida de todos os homens e mulheres que vierem atrás de nós. Ouvirão de alguns de nós, estudarão alguns de nós, recordarão alguns de nós, mas só daqueles que fizeram do tempo barro em suas mãos e deixaram, indelevelmente marcada, para todos os tempos, uma memória que continuará a ser uma referência, uma construção no tempo, um monumento intemporal.

Ontem Mandela, hoje Nadir. Vêmo-los partir e ficamos cada vez mais pobres, tristes, ou resignados.  Como se para isso não bastasse já o que nos tem feito o (des)governo de meliantes que uma minoria de portugueses, em Portugal, e  europeus, na europa,  elegeu (ou não)  e instalou no poder aqui, e por essa europa fora. Em nome de um poder estranho, uns poucos usam o tempo de todos nós, da nossa vida, como se fora seu, e nós deixamos.  E tudo caldeado numa resignação que todos os dias destrói a alma colectiva desta nação triste, na ponta duma europa triste, aberta a um  mundo onde, apesar de tudo, há heróis a tombar depois de deixarem  escrita uma memória do tempo da sua vida no tempo das nossas vidas.


Jacinto Lourenço

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

À Volta de um Dia Triste


Voltámos num dia triste para o mundo e para todos os homens de boa vontade: faleceu ontem à noite Nelson Mandela. Provavelmente um dos  melhores  homens e  o melhor líder político que o século vinte viu nascer. Lutou sempre pelos valores em que acreditava: liberdade, paz, igualdade, fraternidade. A sua vida, como a de todos nós, aliás, não foi uma linha recta, foi uma curva com muitas voltas e muitas surpresas. O ignóbil regime do apartheid, que vigorou durante muitos anos na sua terra, atirou-o para a prisão durante 27 anos e só de lá sairia para construir uma pátria e uma nação baseada nos valores em que sempre acreditou e aos quais soube acrescentar, em nome da união e da reconciliação nacional, o valor do perdão. Que África do Sul, o mundo , os povos e os líderes políticos aprendam, de uma vez por todas  com o seu exemplo, e saibam merecer a memória de Nelson Mandela.

Jacinto Lourenço

Restart...


Estamos de volta, finalmente. Ainda que para além do que prevíamos estar offline. Regressámos, felizmente, a tempo de celebrar  o quinto ano consecutivo de permanência na blogosfera.

Foi no dia 08 de Dezembro de 2008 que aqui acostámos. Contra ventos e marés por cá continuamos. É verdade que nem sempre com a regularidade ideal, mas outros valores e afazeres se intrometeram. O  importante é que estamos para continuar por tanto tempo quanto o que a vida nos deixar e com os mesmos objectivos e princípios norteadores.

Todos os conteúdos publicados anteriormente no blogue sob a designação Ab-Integro continuam disponíveis através do link colocado no  À Boleia do Vento ou directamente no endereço  anterior, salvaguardando no entanto que nenhum outro conteúdo será editado ou aí publicado de novo.

Agradeço, de coração, a todos os que me seguiam no Ab-Integro. A partir de agora, se isso for do vosso interesse,  podem fazê-lo aqui. 

Até sempre.

2013, Dezembro, 06